quinta-feira, 13 de maio de 2010

Abolimos a escravidão no Brasil?

A indagação parece estranha porém nos remete a uma reflexão cotidiana. Respondendo de forma escolar afirmaríamos sem pestanejar que em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Aurea, buscando resgatar a dignidade dos negros. Entretanto, esse passo era apenas o primeiro para uma longa caminhada de lutas, de desafios, conquistas e retrocessos.
Na atualidade voltaram à tona uma série de discussões que foram adormecidas pelos que não tinham interesse econômico, social ou humanitário na isonomia de tratamento entre os povos que formaram a gente brasileira. Assim, temas como a preservação dos espaços, cultura e religiões afro-brasileiras; a política de cotas para as universidades; o combate a toda forma de preconceito aos negros permeiam o nosso dia-a-dia, sempre envoltos em grande polêmica.
Temos a convicção que igualar a todos seria a forma mais cruel de perpetuar os preconceitos e as desigualdades. No Brasil, não somos todos iguais. No mundo inteiro as pessoas não são iguais, seja genetica, cultural ou religiosamente falando. Precisamos vivenciar a dimensão da alteridade, sendo capazes de apreender o outro na plenitude de sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferenças como ensina Frei Betto ( In, Alteridade, subjetividade e generosidade. Rio de Janeiro: Grammond, 2003. p. 165).
Neste veículo telegráfico de comunicação, não poderemos debater todas essas questões polêmicas em profunidade, mas deixo aos nossos leitores a mensagem de que precisamos resolver urgentemente o problema do appartheid social que começa na escola pública que reproduz um formato colonizador, segregando alunos pobres cuja maior parte é formada de afrodescentes, a espaços sem infraestrutura, sem alimentação escolar adequada, às vezes sem professores, enfim, sem perspectivas de sucesso escolar, doutrinados para serem culpados pelo próprio fracasso, embora não tendo ingerência sobre os rumos da escola, sem que seus algozes sejam ao menos identificados e punidos, sob o olhar complacente de uma sociedade consumista e alienada.
As insituições de defesa social devem garantir que a abolição da escravidão se efetive em resultados para os negros, libertando-os se do jugo da pobreza, da opressão, da discriminação. Queremos que os negros, ocupem seus espaços de cidadania e que possamos viver uma harmonia social baseada no respeito às diferenças e na generosidade.

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